Sono
Nunca se falou tanto na relação entre sono e saúde mental como nos últimos tempos. O estilo de vida contemporâneo e a popularização massiva do uso de smartphones, tablets e computadores, associado a outros fatores como sedentarismo, má alimentação e estresse, estão piorando a qualidade do sono da população mundial, o que também faz com que problemas como ansiedade e depressão afetem ainda mais pessoas. De acordo com dados da Agência Brasil EBC, cerca de 65% dos brasileiros relataram ter problemas com o sono, uma estatística preocupante e que certamente prejudica também a condição da saúde mental da população.
Mas de que forma o sono influencia em nosso bem-estar e saúde mental? Pesquisadores da Universidade de Berna, na Suíça, divulgaram recentemente um estudo mostrando que o sono possui um papel fundamental para a saúde mental, podendo ajudar mais do que se imaginava no tratamento dos transtornos de ansiedade, depressão e estresse pós-traumático, entre outras condições. Na pesquisa, foi identificado de que forma o cérebro processa as emoções durante o período do sono REM (Rapid Eyes Movement, ou Movimento Rápido dos Olhos em português).
O ciclo tradicional do sono, que se repete entre quatro a cinco vezes durante a noite, é composto por quatro estágios, listados abaixo:
- Estágio 1: sonolência, considerado o período mais superficial;
- Estágio 2: sono mais leve;
- Estágio 3: sono profundo, com ondas lentas, também chamado de sono delta, devido à frequência da atividade cerebral observada durante esse estágio;
- Sono REM: sono mais profundo.
Os pesquisadores da Universidade de Berna analisaram diferentes áreas de uma célula e conseguiram identificar como as memórias emocionais são transformadas durante o sono REM. O estudo concluiu que, durante o sono, nosso cérebro é capaz de fortalecer emoções positivas e enfraquecer as negativas, um fator decisivo para o tratamento de transtornos mentais e também para promover a sensação de bem-estar e tranquilidade durante o dia.
Quanto mais aprofundamos o conhecimento sobre o sono e a atividade cerebral, mais descobrimos a relação com a saúde mental. Outro estudo, publicado pela Harvard Health Publishing, mostra que grande parte da população americana vem apresentando privação do sono de maneira notória, mas que os indivíduos com problemas psiquiátricos estão mais propensos a dormir mal. Os dados mostram que os problemas crônicos do sono afetam de 50% a 80% dos pacientes de uma clínica psiquiátrica típica, enquanto o índice varia entre 10% e 18% na população geral de adultos dos EUA.
O estudo, feito por cientistas e especialistas em neuroimagem e neuroquímica, sugere que dormir bem é primordial para promover a resiliência mental e emocional, enquanto a privação crônica do sono facilita o pensamento negativo e a vulnerabilidade dos sentimentos. Além disso, os pesquisadores relatam que a interrupção do sono afeta os níveis de neurotransmissores e hormônios do estresse, prejudicando diversas funções cerebrais, inclusive a regulação emocional.
Desta maneira, podemos incluir o sono de qualidade como um fator decisivo para o tratamento dos sintomas da ansiedade, depressão e outros problemas de saúde mental, assim como a prática de exercícios, boa alimentação, controle do estresse e outros bons hábitos. Dormir bem é sinônimo de bem-estar e autocuidado, por isso devemos sempre priorizar uma boa noite de sono para manter a qualidade de vida e a saúde em dia.
Benefícios da Combinação entre Exercício e Sono
Praticar atividade física regularmente é um dos pilares para uma vida saudável e ativa, ajudando o organismo a se proteger contra doenças e trazendo muita disposição e bem-estar para seu dia a dia. Mas você sabia que os benefícios dos exercícios também se estendem para seu sono? Existem diversas razões que fazem com que a prática de atividade física ajude a melhorar a qualidade do sono, afastando problemas como insônia e dificuldade para dormir.
Sono mais profundo:
Devido ao fato de seu corpo necessitar de mais tempo para recuperar a energia gasta nos exercícios, você terá um sono mais profundo (alcançando as etapas mais restauradoras do sono), que promove mais benefícios para sua saúde e traz mais disposição no dia seguinte.
Adormecer mais rapidamente:
Como seu corpo precisa restaurar a energia dos músculos após os exercícios, seu organismo irá acelerar o processo de repouso ao se deitar, fazendo com que você adormeça mais rápido. Ou seja, para quem sofre para pegar no sono, começar a praticar atividades físicas pode ajudar a acabar com esse problema na hora de dormir.
Dormir por mais tempo
Seguindo o raciocínio dos benefícios anteriores e considerando que o corpo precisa de uma recuperação mais intensa ao praticar exercícios, a duração do seu sono será maior, beneficiando principalmente pessoas que não conseguem dormir pelo número ideal de horas (de oito a nove por noite).
Alivia o estresse e ansiedade
A mente inquieta causada pelo estresse e ansiedade é um dos problemas que mais afetam a qualidade do sono, tornando mais difícil adormecer e causando insônia em certas pessoas. Praticar exercícios físicos ajuda na liberação de endorfinas, hormônios que controlam o estresse e melhoram o humor, beneficiando diretamente a qualidade do sono.
Evita a insônia e outros distúrbios do sono
Pessoas que sofrem com insônia e outros problemas que afetam a qualidade do sono podem obter benefícios incríveis nos exercícios físicos, sempre incluídos nas listas de recomendações dos médicos para pacientes com esse tipo de quadro.
Qual o Melhor Horário para Praticar Exercícios Físicos?
Apesar de altamente benéfica para o sono, a prática de atividade física requer alguns cuidados para que não atrapalhe a qualidade do descanso. Isso acontece porque, quando praticamos exercícios intensos à noite, nosso corpo pode se manter agitado e com a temperatura corporal elevada, prejudicando a qualidade do sono e dificultando o descanso. Por isso, caso queira praticar atividades físicas mais intensas, como artes marciais ou crossfit, por exemplo, o ideal é que os exercícios sejam feitos ao menos duas horas antes de dormir.
No caso de exercícios mais leves, como yoga ou caminhada, o horário não irá interferir na qualidade do sono — pelo contrário, são atividades que ajudam a manter o ritmo cardíaco mais baixo e, consequentemente, promovem um ótimo relaxamento para pegar no sono mais facilmente.
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